quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Arrancando o problema

Espero que os personagens que fazem parte desta história jamais leiam isso... ou que leiam, porque não?
Não revelarei nomes, local, ou data.

Em um plantão de emergência em que participei certa vez, chegou uma menina de uns 10 anos de idade com um alicate de cutícula cravado na sola de seu pé. Ela subiu na cama, não viu o alicate, pisou nele e o objeto penetrou de forma substancial em sua pele. A menina tinha um semblante de dor e medo. O alicate estava muito bem fixado, pendurado na sola do pé.

Se eu tivesse conduzido o caso teria ministrado um ansiolítico para a menina, feito assepsia do pé e do alicate com degermante ou iodo, faria anestesia com lidocaína na região do entorno do ponto de penetração, tentaria, a partir de então, alguma manobra leve para retirada, não conseguindo utilizaria um bisturi para abrir um orifício melhor de saída e então nesta altura teria retirado o alicate. Por fim, talvez daria alguns pontos para fechar o ferimento.

Mas não fui eu que atendi a menina. A médica colocou-a deitada numa maca, segurou o bisturi com a mão e tentou arrancá-lo de imediato com um puxão súbito... e ineficaz, fazendo a pobre garota urrar e chorar de dor. Não satisfeita, a médica continuou puxando e rodando o alicate que permanecia preso no pé da menina!!! Eu então me retirei da sala. Não vi o desfecho do atendimento. Entendam, que não foi por falta de sangue frio que não presenciei o procedimento até o final, e sim por falta de conivência com a metodologia utilizada para tal "abordagem" médica. Quem sou eu para discordar do procedimento da nobre colega... cada médico tem liberdade de ação e responde por suas consequencias, mas então, para que os recursos do hospital se a própria família poderia ter utilizado de mera tração manual? Sério, eu não entendo. E cada vez entendo menos. 

Que o universo me proteja para nunca ser atendido em um serviço de emergência! A não ser por mim mesmo... o que seria algo improvável...

Nenhum comentário: