terça-feira, 21 de setembro de 2010

UPA lá lá

UPA - Unidade de Pronto Atendimento.


Não sei se só no Estado do Rio, mas diversas UPAs têm sido inauguradas nas cidade aqui por perto. Uma espécie de pronto socorro, a UPA tem uma estrutura pré-moldada, com construção rápida, aparência bela, moderna e arrojada, toda informatizada... Deixe-me tentar explicar melhor.
Você chega na UPA e é recebido por uma equipe qualificada de profissionais muito bem treinados. Seguranças na porta, atendentes bonitas e educadas que fazem o seu cadastro inicial, gerando uma ficha de atendimento virtual nos computadores. Espera em uma ampla e confortável sala e então passa por uma entrevista com enfermeiros que fazem a classificação de risco. Azul, verde, amarelo e vermelho, segundo a gravidade do problema de saúde. Vermelho geralmente chega de ambulância e vai direto para a sala vermelha, com atendimento de fato para casos gravíssimos. Amarelos para a sala amarela, casos urgentes que precisam também de rapidez no atendimento. Vermelhos e amarelos passam na frente de todos, por isso, ou também por isso, o atendimento na UPA não é por ordem de chegada, mas por ordem de gravidade. Verdes e azuis aguardam mais tempo para serem atendidos na emergência ambulatorial, também por ordem de prioridade do mais grave ao menos grave. A UPA possui sala de medicação, sala de nebulização, sala de sutura... enfim, tudo para o atendimento de urgências e emergências. Teoricamente deveria ter um médico na sala vermelha, um na sala amarela, três clínicos e dois pediatras na emergência ambulatorial. Pois bem...


Sexta passada eu fui dar mais um plantão na UPA. E pasmem, daquela equipe perfeita que eu citei ali em cima que deveria haver, de mais ou menos 7 médicos, só tinha eu! Sim meus caros amigos, só eu! A equipe médica de um homem só! Atendi dezenas de pessoas no ambulatório de emergência, velhinhas infartadas na sala amarela, surto psicótico por uso de drogas, descompensação cardíaca na sala vermelha, suturas e mais suturas de diversos acidentes como de moto, atendi crianças (que os outros clínicos geralmente se negam a atender por não serem pediatras... e trabalhei feito um doido por 24 horas seguidas praticamente sem descanso... Pra quem acha que vida militar é difícil, passar um ano na amazônia como médico... aquilo foi fichinha! Estado de guerra é trabalhar sozinho numa UPA sexta-feira à noite! Verdade seja dita que se levei um serviço de emergência "sozinho" foi porque na verdade a equipe que estava comigo colaborou muito, enfermeiros, técnicos, atendentes, maqueiros, o pessoal da limpeza, a equipe na farmácia... todo mundo sem exceção. Mas juro, teve hora que deu vontade de sair correndo e nunca mais voltar!

Mas sou louco. Amanhã é meu aniversário, e estarei em mais um plantão de 24 horas na UPA-Petrópolis. Não me desejem feliz aniversário. Desejem-me boa sorte!

Um comentário:

Garota do Blog disse...

Complemento (...) Estado de guerra é trabalhar sozinho numa UPA no dia do próprio aniversário!

Mesmo assim, feliz aniversário, recheado com muita boa sorte! :D